“O imaginário determina uma direcção ao itinerário interior. A coerência de um ser, a sua continuidade, provém mais da solidez desta construção interna do que do seu pensamento lógico.” Postic
“1, 2, 3… todos caladinhos duma vez!!!!!!! Toca a fechar a boca à chave e meter o cabelo para trás das orelhas!!!!”
Esta é uma das minhas frases favoritas, porque por trás dela vem lá uma história. Comecei finalmente a ensinar e sinto-me nas nuvens! O mundo mágico dos pequeninos… é mesmo mágico! Não tenham dúvidas!
É mágico o mundo deles e agora também o meu… mudei-me da cidade para a província. Acordo com uma vista fabulosa de uma serra coberta de geada e de nevoeiro, com o piar dos passarinhos e com o sol quer espreita por detrás da serra como quem me quer dizer Bom Dia. Estou feliz!
Por toda esta decrição imagina-se que numa aldeia não existirão muitas crianças… tenho apenas quatro meninos comigo.
Um dos meus grandes objectivos é tentar passar aos meus meninos o gosto que tenho pela leitura e pelos livros. Não vai ser tarefa fácil, porque todos eles não estavam habituados a lidar com livros. Nem habituados a estas novas inovações chamadas Creches! Eles estavam no quentinho das avós…
Para mim, o mais importante num livro é pegar nele, tocar-lhe e cheirá-lo! Como todos nós sabemos, por vezes, os adultos não querem deixar a criança mexer no livro, porque estraga, rasga, baba, espezinha, etc. Bem sei que são caros, mas não há nada melhor na vida (a não ser uma gelado do Santini) do que tocar num livro novinho em folha ainda com o cheiro de quem o fez.
A primeira vez que levei um livro para os meus meninos, tive o cuidado de seleccionar um para as suas idades (neste caso, entre os 2 e os 3 anos), gostos e vivências. Optei pela Lagarta Comilona, porque é um livro muito bonito, é brincalhão, é colorido e dá vontade de apertar. A primeira reacção dos meninos foi: “Móita!!!! O que é???”. E eu toda contente da vida, respondi: “É o nosso companheiro daqui para diante!!”. Quiseram todos mexer, claro. E eu deixei. Sentaram-se todos ao meu colo e explorámos o livro todo, conversando sobre o que se passa em cada página. O curioso é que os meus meninos, apesar de serem ainda muito novinhos, aguentaram-se muito bem a observar A Lagarta.
Isto passou-se em Setembro, desde essa data… todos os dias me pedem A Lagarta e todos os dias eu lhes dou A Lagarta.
Esta rotina fá-los sentirem-se seguros e confortáveis na creche, por ser um espaço novo para eles. Comigo, por ser uma nova pessoa na vida deles e com eles próprios, porque é muito complicado deixar os colinhos quentinhos das avós.
Eu e os meus meninos somos apologistas do… Deixar mexer!!!
Boas Leituras… ah… e não se esqueçam… boas mexidelas!
Mónica Semedo
Educadora de Infância
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